De que trata “O Agente Secreto”? Confira cinco curiosidades sobre o filme

O orgulho brasileiro do momento é “O Agente Secreto” (2025), novo filme de Kleber Mendonça Filho que foi aclamado neste sábado (24), no Festival de Cannes, na França. A trama acompanha Marcelo (Wagner Moura) que, na tentativa de fugir de seu passado violento, se muda de São Paulo para Recife em 1977. Em plena ditadura militar e durante a semana do Carnaval, a sua intenção de recomeçar a vida e reencontrar o filho logo é frustrada.

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Só depois de uma hora a narrativa revela a identidade e a história pregressa do protagonista: um professor especializado em tecnologia que cometeu o erro de contrariar um funcionário do alto escalão do governo. Agora, terá de lidar com espionagem dos novos vizinhos e com todo o caos do qual pretendia fugir. Com estreia prevista no Brasil para o segundo semestre, o suspense já gera expectativa. Por isso, Gama reuniu cinco curiosidades sobre a produção:

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Em sua estreia em Cannes, o longa foi aplaudido por 13 minutos. Não parou por aí: Wagner Moura levou o troféu de Melhor Ator — um feito inédito para o Brasil — e Kleber Mendonça Filho foi reconhecido como Melhor Diretor. Os dois prêmios, no entanto, representaram uma quebra de regra no Festival, que só permite a vitória dupla de um filme se esse for escolhido nas categorias de Prêmio do Júri e Melhor Ator ou Atriz ou então de Melhor Roteiro e de Melhor Ator ou Atriz. Membros do júri falaram sobre a decisão consciente e até disseram que muitos deles queriam dar a Palma de Ouro para “O Agente Secreto”.
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Como em outros filmes de Mendonça, a trilha sonora reflete a cultura brasileira e, principalmente, a pernambucana. Dessa vez, traz nomes como Lula Côrtes & Zé Ramalho, Angela Maria, Waldick Soriano, Orquestra Nelson Ferreira e a Banda de Pífanos de Caruaru. Para a estreia, o elenco e a equipe do filme chegaram acompanhados do grupo Guerreiros do Passo em um arrastão de frevo — levando o carnaval de Olinda e Recife ao tapete vermelho francês.
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Carros americanos clássicos, discos de vinil, cabines telefônicas que exigem fichas, impressoras antigas, shorts absurdamente curtos e um calor sufocante. Esses são elementos que ajudam a construir perfeitamente a noção de lugar e tempo de “O Agente Secreto”, segundo a crítica da revista americana Variety. Mendonça filmou em formato digital, utilizando câmeras antigas para criar um visual com alto contraste e tela larga, típico dos filmes daquela época.
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A facilidade de reconstituir as memórias da época tem a ver com a memória afetiva do diretor, que também assina o roteiro. As lembranças de seus 9 anos, em 1977, são as primeiras vívidas — principalmente por questões familiares, que envolvem a saúde de sua mãe, como contou em entrevista a Elle. “Estudava em uma escola em que toda sexta a gente tinha de marchar. Os adultos de repente falavam baixo porque o assunto era um pouco delicado. Essas são coisas que me informam mais no sentido de escrever um roteiro que tem um clima, mas não tem exatamente a reconstituição de um incidente. E eu gosto muito do tom geral, da textura”, disse.
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O roteiro começou a ser desenvolvido em 2019 com Wagner Moura já em mente para o papel principal. Segundo Mendonça, o ator reúne o carisma necessário para interpretar um protagonista imperfeito, mas com quem o público consegue se identificar. A parceria tem raízes antigas: os dois se conheceram há duas décadas e se aproximaram por afinidades políticas — compartilhavam posicionamentos semelhantes durante o governo Bolsonaro. “Esse filme nasceu justamente dessa conexão e do dilema de manter-se fiel aos próprios valores quando o poder público emana tudo aquilo em que você não acredita”, explica Moura. O thriller político reúne também atores como Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Carlos Francisco, Alice Carvalho, Roberto Diogenes, Hermila Guedes, entre outros.